O notório saber e a precarização da formação docente para a educação profissional

Autores

  • Maria Adélia Costa Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET

DOI:

https://doi.org/10.31496/rpd.v18i39.1205

Resumo

Este texto trata de uma análise documental das normativas e regulamentações oficiais para a formação de professores da educação profissional (EP) e tem por finalidade refletir e problematizar a Lei nº 13.415/2017, no que tange ao favorecimento do acesso de profissionais com notório saber para “ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação ou experiência profissional, atestados por titulação específica ou prática de ensino em unidades educacionais [...] exclusivamente para atender a formação técnica e profissional”. O objetivo dessas discussões é expressar que a supracitada lei representa um retrocesso no campo de formação de professores para a EP que desde 1909, no ir e vir das regulamentações oficiais, se faz sob a forma de programas emergenciais, fragmentados e aligeirados. Contudo, a partir de 2004 o campo de formação de professores para a EP vem se fortalecendo, apesar de ainda timidamente, no sentido de promover regulamentações para que a profissão professor possa ser exercida somente por profissionais formados em cursos de licenciaturas ou programas de formação pedagógica. Na contramão dessas normativas e perspectivas, a Lei nº 13.415/2017, possibilita reconhecer o “notório saber”, o que significa a permanência de profissionais bacharéis das mais diversas áreas atuando como docentes nos cursos da EP. 

Biografia do Autor

Maria Adélia Costa, Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET

Coordenadora do Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT). Professora no Programa de Pós-graduação Mestrado em Educação Tecnológica (PPGET/CEFET-MG) e Chefe do Departamento de Educação (DEDU). Professora no Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes (PEFPD). É graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (UNILESTE), 1992. É Mestre em Educação Tecnológica, CEFET-MG. Concluiu seu doutoramento em Educação na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), na Linha de Pesquisa Trabalho, Educação e Sociedade.

Referências

BRASIL. Constituição política do império do Brasil. Rio de Janeiro, 1824. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm. Acesso em 31 mar. 2017.

BRASIL. Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em 12 dez. 2016.

BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13415.htm. Acesso em 20 fev. 2017.

BRASIL. Resolução nº 2, de 1º de julho de 2015. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=17719-res-cne-cp-002-03072015&category_slug=julho-2015-pdf&Itemid=30192. Acesso em 12 dez. 2016.

CASTRO, Maria Helena G. de. Secretária do MEC critica formação inicial de professores e defende notório saber. 2016. Disponível em: http://g1.globo.com/educacao/noticia/secretaria-do-mec-critica-formacao-inicial-de-professores-e-defende-notorio-saber.ghtml. Acesso em 01 abr. 2017.

COSTA, Maria Adélia da. Políticas de formação docente para a educação profissional: realidade ou utopia? Curitiba: Appris, 2016.

FONSECA, Sonia Maria. A hegemonia jesuítica (1549-1759). In: LOMBARDI, José Claudinei; SAVIANI, Dermeval; NASCIMENTO, Maria Isabel M. (Orgs.). Navegando pela história da educação brasileira. Campinas, SP: HISTEDBR, 2006.

LINS, Ana Maria Moura. O método Lancaster: educação elementar ou adestramento: Uma proposta para Portugal e Brasil no século XIX. In: BASTOS, Maria Helena C.; FARIA FILHO, Luciano M. de. (Orgs.). A escola elementar no século XIX: o método monitorial/mútuo. Passo Fundo: Ediupf, 1999. p. 73-94.

MACEDO, Jussara Marques de. Reconhecimento do notório saber e a inclusão excludente do professor na educação básica: qual o lugar da universidade na formação? RPGE– Revista online de Política e Gestão Educacional, v.21, n. esp.2, p. 1239-1259, nov. 2017. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/rpge/article/view/10841/7028. Acesso em: 09 jul. 2018.

NEVES, Fátima Maria. Método de Lancaster ou Método Lancasteriano. In: LOMBARDI, José Claudinei; SAVIANI, Dermeval; NASCIMENTO, Maria Isabel M. (Orgs.). Navegando pela história da educação brasileira. Campinas, SP: HISTEDBR, 2006.

OLIVEIRA Dalila Andrade. A reestruturação do trabalho docente: precarização e flexibilização. Educação e Sociedade, Campinas, vol. 25, n. 89, p. 1127-1144, Set./Dez. 2004. Disponível em: http://www.cedes.unicamp.br. Acesso em: 18 nov. 2015.

SAVIANI, Dermeval. Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do problema no contexto brasileiro. Revista Brasileira de Educação. v. 14 n. 40 jan./abr. 2009.

SCHAFFRATH, Marlene dos Anjos Silva. Escola normal no Brasil. In: LOMBARDI, José Claudinei; SAVIANI, Dermeval; NASCIMENTO, Maria Isabel M. (Orgs.). Navegando pela história da educação brasileira. Campinas, SP: HISTEDBR, 2006.

TANURI, Leonor Maria. Contribuição para o estudo da Escola Normal no Brasil. Pesquisa e planejamento. São Paulo, v.13, dez.1970, p. 7-98.

VILLELA, Heloísa O. S. A primeira Escola Normal do Brasil. In: NUNES, Clarice (Org.). O passado sempre presente. São Paulo: Cortez

Downloads

Publicado

2018-12-21

Como Citar

COSTA, M. A. O notório saber e a precarização da formação docente para a educação profissional. Revista Profissão Docente, [S. l.], v. 18, n. 39, p. 239–254, 2018. DOI: 10.31496/rpd.v18i39.1205. Disponível em: https://revistas.uniube.br/index.php/rpd/article/view/1205. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos