Deficiência intelectual e EJA: concepções de professores de ciências sobre a inclusão escolar

Autores

  • Isabella Delamain Fernandez Olmos Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM, Brasil
  • Juliane Aparecida de Paula Perez Campos Universidade Federal de São Carlos - UFScar, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.31496/rpd.v24i49.1606

Palavras-chave:

educação especial, ensino de ciências, deficiência intelectual, educação de jovens e adultos

Resumo

A Educação de alunos com deficiência intelectual na modalidade da EJA é negligenciada e secundarizada. Neste sentido, o presente artigo tem como objetivo caracterizar as concepções de professores de Ciências sobre a inclusão e o aluno com deficiência intelectual na Educação de Jovens e Adultos. O trabalho possui caráter qualitativo descritivo e é classificado como colaborativo. A pesquisa contou com a participação de dois professores de Ciências e a coleta de dados se deu a partir de observações e de entrevistas realizadas a partir de roteiros semiestruturados. Os dados coletados foram transcritos e analisados a partir da análise de conteúdo com categorização temática. Os resultados demonstram grande lacuna na formação dos docentes para o trabalho com os alunos com deficiência intelectual que frequentam a EJA e a pouca ênfase dada à aspectos relacionados a importância do ensino de Ciências na efetivação dos processos de ensino-aprendizagem dos alunos em questão.  

Biografia do Autor

Isabella Delamain Fernandez Olmos, Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM, Brasil

Isabella Delamain Fernandez Olmos é Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (concluída em 2016) e graduada em Ciências Biológicas na modalidade de licenciatura pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (concluída em 2018). É mestre em Educação Especial pelo Programa de Pós-graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos e participa do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Escolarização da Pessoa com Deficiência (GEPEPD-UFSCar). Atualmente é doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro.

Juliane Aparecida de Paula Perez Campos, Universidade Federal de São Carlos - UFScar, Brasil

Juliane Aparecida de Paula Perez Campos tem Doutorado em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos (2006), Mestrado em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos (1999), Graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia (1996), e Graduação em Pedagogia pelo Centro Universitário Claretiano (2006). Professora Associada do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (início em 2009). Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial (PPGEEs) de março de 2019 a outubro de 2022.

Referências

AGUIAR, A. M. B.; SOUZA, M. A. C. Avaliação e Atendimento Educacional Especializado: Tensões, Possibilidades e desafios. In: JESUS, D. M.; VICTOR, S. L.; GONÇALVES, A. F. S. (Coord.) Formação, Práticas Pedagógicas e Inclusão Escolar no Observatório Estadual de Educação Especial. São Carlos: Marquezine & Manzini, 2015. p. 127-146.

ARAÚJO, L. F. S.; DOLINA, J. V.; MUSQUIM, C. A.; BELLATO, R.; LUCIETTO, G. C.; Diário de pesquisa e suas potencialidades na pesquisa qualitativa em saúde. Brasileira de Pesquisa em Saúde, v. 15, n. 3, p. 53-61, Mato Grosso, 2013.

BÄR, M. V. O professor de ciências da educação de jovens e adultos: impasses na formação, impasses na atuação. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2014.

BARZOTTO, V. H.; TREVIZO, D.; PRADO, R. B.; BOTTEGA, R. M. D. Tinta sobre Papel: Técnicas de escrita e representação de ilusões. Web-Revista Discursividade, v. 6, p. 16, 2010.

BECKERS, I. E.; PEREIRA, J. L. C.; TROGELLO, A. G. O processo de ensino-aprendizagem de Ciências em turmas com alunos deficientes visuais: percepções de professores. Revista Educação Especial, Santa Maria, v. 27, n. 48, p. 127-140, 2014.

BEZERRA, F. G.; SANTANA, M. S. R. A Educação de Jovens e Adultos: notas históricas e proposições críticas. Interfaces da Educação, Paranaíba, v. 2, n. 5, p. 93-103, 2011.

BINS, K. L. G. Adultos com deficiência intelectual incluídos da educação de jovens e adultos: apontamentos necessários sobre adultez, inclusão e aprendizagem. 2013. 108 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.

BODGAN, R. C.; BIKLEN, S. K. Investigação Qualitativa em Educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto, 1994.

BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 31 dez. 1996. p. 58.

BRASIL. Ministério Da Educação (Conselho Nacional de Educação). Parecer CNE/CEB 11/2000, Brasília: MEC, 2000. 64 p.

BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. MEC/seesp, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf. Acesso em: 20 abr. 2020.

CABRAL, L. S. A. Educação Especial: histórico, políticas e práticas. Ebook, Portal de Cursos Abertos, 2019.

CAIMI, F. E.; LUZ, R. N. Inclusão no contexto escolar: estado do conhecimento, práticas e proposições. Educação Especial, Santa Maria, v. 31, n. 62, p. 665-682, 2018.

CAMARGO, E. P. Saberes docentes para a inclusão do aluno com deficiência visual em aulas de física. São Paulo: UNESP, 2012, p. 274.

CAMARGO, E. P.; NARDI, R. Dificuldades e alternativas encontradas por licenciandos para o planejamento de atividades de ensino de óptica para alunos com deficiência visual. Revistas Brasileira de Ensino de Física, v. 29, n. 1, p. 115-126, 2007.

CAMARGO, E. P.; NARDI, R.; VERASZTO, E. V. A comunicação como barreira à inclusão de alunos com deficiência visual em aulas de óptica. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 30, n. 3, p. 3401, 2008.

CAMPOS, J. A. P. P.; DUARTE, M. O aluno com deficiência na EJA: reflexões sobre o atendimento educacional especializado a partir do relato de uma professora da educação especial. Educação Especial, Santa Maria, v. 24, n. 40, p. 271-284, 2011.

CARDOSO, M. A.; PASSOS, G. A. L. Reflexões sobre a Educação de Jovens e Adultos e a formação docente. Educação Pública, 2016. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/16/25/reflexes-sobre-a-educao-de-jovens-e-adultos-e-a-formao-docente. Acesso em: 20 maio 2020.

COSTA, A. M. F.; LIMA, S. A.; STADLER, R. C. L.; CARLETTO, M. R. A importância da tutoria no ensino de ciências naturais com alunos especiais. Investigação em Ensino de Ciências, v. 20, n. 1. p. 127-141, 2015.

COSTA, J. B. Desenhando linhas inclusivas nas aulas de ciências: uma investigação na escola regular com uma aluna cega. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2017.

DI PIERRO, M. C. A. Educação de jovens e adultos no plano nacional de educação: Avaliação, desafios e perspectivas. Educação Social, v. 31, n. 112, p. 939-959, 2010.

DUARTE, N. A individualidade para-si: contribuições a uma teoria histórico-social da formação do indivíduo. Campinas: Autores Associados, 1993.

FERREIRA, F. F.; CUNHA, N. B. Desafios e evolução da EJA no Brasil. Uningá, v. 40, n.1, 2014.

FRANCO, M. L. P. B. Análise de conteúdo. Brasília: Liber Livro, 2005.

FREITAS, M. A. S.; CAMPOS, J. A. P. P. Interface entre a EJA e a Educação Especial: o professor e a inclusão de jovens e adultos com deficiência intelectual. Arquivos analíticos de políticas educativas, v. 22, n. 85, 2014

FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, Autores Associados, 1992.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 34. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006.

GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008, p. 200.

HAAS, C. Educação de jovens e adultos e educação especial: a (re)invenção da articulação necessária entre as áreas. Educação, v. 40, n. 2, p. 347-360, Santa Maria, 2015. doi: 10.5902/198464669038.

HADDAD, S.; DI PIERRO, M. C. Escolarização de jovens e adultos. Brasileira de Educação, n. 14, p. 108-194, 2000.

HADDAD, S.; SIQUEIRA, F. Analfabetismo entre jovens e adultos no Brasil. Brasileira de Alfabetização – ABAlf, v. 1, n. 2, p. 88-110, 2015.

HEINZEN, V. A. Mapas táteis como recursos didáticos-suporte para o ensino de ciências aos alunos com deficiência visual. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências Naturais) – Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá, 2015.

IBIAPINA, I. M. L. Reflexões sobre a produção do campo teórico-metodológico das pesquisas colaborativas: gênese e expansão. In: IBIAPINA, I.M.L.M.; BANDEIRA, H.M.M.; ARAÚJO, F.A.M. (org.). Pesquisa colaborativa: multirreferenciais e práticas convergentes. Piauí: Edufpi, 2016. p. 33- 62.

IBIAPINA, I. M. L.; FERREIRA, M. S. A. Pesquisa colaborativa na perspectiva sócio-histórica. Linguagens, Educação e Sociedade, n. 12, Teresina, 2005.

KRASILCHIK, M. Caminhos do ensino de Ciência no Brasil. Em aberto, v. 11, n. 55, p. 8, Brasília, 1992.

LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. A. D. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: E.P.U., 1986.

MANGA, V. P. B. B. O aluno cego e o ensino de ciências nos anos iniciais do ensino fundamental: um estudo de caso. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2013.

MANZINI, E. J. Política de educação especial: considerações sobre público-alvo, formação de professores e financiamento. Revista online de Política e Gestão Educacional, v. 22, n. 2, p. 810-824, 2018.

MELLO, A. G.; NUERNBERG, A. H. Gênero e deficiência: interseções e perspectivas. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 20, n. 3, p. 635-655, 2012.

MENDES, E. G. Perspectivas para a construção da escola inclusiva no Brasil. In: PALHARES, M.; MARINS, S. (org.). Escola inclusiva. São Carlos: EDUFSCAR, 2002. p. 61-86.

MIRANDA, A. D.; PINHEIRO, N. A. M. O ensino da matemática ao deficiente intelectual: projetos de trabalho em uma perspectiva contextualizada e interdiciplinar. Revista Educação Especial, v. 29, n. 56, 2016.

OLIVEIRA, A. A. Observação e entrevista em pesquisa qualitativa. FACEVV, n. 4, p. 22-27, 2010.

OLIVEIRA, I. B. Reflexões acerca da organização curricular e das práticas pedagógicas na EJA. Educar, Curitiba, n. 29, p. 83-100, 2007.

PEREIRA, M. A. A importância do Ensino de Ciências: aprendizagem significativa na superação do fracasso escolar. Programa de desenvolvimento educacional – PDE: Piraí do Sul, 2008.

PERES, M. A. C. A educação de jovens e adultos e analfabetismo na velhice: os idosos e a exclusão educacional. Histedbr, Campinas, n. 38, p. 225-236, 2010.

PICCOLO, G. M. Por um pensar sociológico sobre a deficiência. Curitiba: Appris, 2015.

PLETSCH, M. A formação de professores para a educação inclusiva: legislação, diretrizes políticas e resultados de pesquisas. Educar, n. 33, p. 143-156, 2009.

RODRIGUES, D.; LIMA-RODRIGUES, L. Formação de Professores e Inclusão: como se reformam os reformadores? Educar, Curitiba, n. 41, p. 41-60, 2011.

RODRIGUES, F. M.; CAMARGO, E. P. Construção de Maquetes no Contexto da Deficiência Visual: possibilidade para ensino de temas de astronomia no ensino fundamental II. In: XXII Simpósio Nacional de Ensino de Física, 2017, São Carlos. Anais [...] São Carlos, 2017.

ROSIN-PINOLA, A. R.; PRETTE, Z. A. P. D. Inclusão Escolar, Formação de Professores e Assessoria Baseada em Habilidades Sociais Educativas. Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 20, n. 3, p. 341-356, 2014.

SANTOS, A. S.; AZEVEDO, K. O., SANTOS, L. S. Perspectivas e desafios dos alunos da EJA de uma escola estadual da Paraíba e suas inserções no mundo do trabalho. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, II, Campina Grande, 2015. Anais [...] Campina Grande, 2015.

SANTOS. D. A. N.; LANUTI, J. E. O. E.; ROCHA, N. C.; BARROS, D. D. Educação Matemárica: a articulação de concepções práticas inclusivas e colaborativas. Educação Matemática em Pesquisa, São Paulo, v. 21, n. 1, p. 254-276, 2019.

SIEMS, M. E. R. Educação de jovens e adultos com deficiência: saberes e caminhos em construção. Educação em Foco, v. 16, n. 2, p. 61-79, 2012.

SILVA, D. A.; SOUZA, P. V. T.; BORGES, R. L.; SOBRINHO, M. F. Educação inclusiva em ciências e matemática: levantamento de publicações pertinentes ao tema em periódico especializado entre 202 e 2017. Multi-Science Journal, v.1, n.1, p.36-40, 2018.

SILVA, E. A.; OLIVEIRA, L. R. C. Desenvolvimento de Ações Funcionais Concernentes ao Autocuidado de Jovens e adultos Deficientes Intelectuais. Monografia (Licenciatura em Computação) – Universidade de Brasília, Brasília, 2016.

SILVA, L. V.; BEGO, A. M. Levantamento Bibliográfico sobre Educação Especial e Ensino de Ciências no Brasil. Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 24, n.3, p. 343-358, 2018.

SOTELO, D. M. Vivências e Historicidades: tecendo o currículo na educação de jovens e adultos. Thema, v. 09, n. 02, p. 01-15, 2012.

STELLA, L. F.; MASSABNI, V. G. Ensino de ciências biológicas: materiais didáticos para alunos com necessidades educativas especiais. Ciência e Educação, v. 25, n. 2, Bauru, 2019.

STRELHOW, T.B. Breve história sobre a educação de jovens e adultos no Brasil. Histedbr, v. 10, n. 38, p. 49-59, 2010.

VASCONCELOS, I. C. O. Violência escolar: morte da escola ou fênix? Journal of Education, v. 7, n, 3, p. 45-73, 2019.

Downloads

Publicado

2024-12-11

Como Citar

OLMOS, I. D. F.; CAMPOS, J. A. de P. P. Deficiência intelectual e EJA: concepções de professores de ciências sobre a inclusão escolar. Revista Profissão Docente, [S. l.], v. 24, n. 49, p. 1–19, 2024. DOI: 10.31496/rpd.v24i49.1606. Disponível em: https://revistas.uniube.br/index.php/rpd/article/view/1606. Acesso em: 21 dez. 2024.